Como já contei no post anterior, existem alguns programas de intercâmbio de trabalho para a Disney, tanto a de Orlando quanto a de Califórnia. Eu fiz 2 até hoje, e digo isso porque a possibilidade de fazer outro sempre fica na nossa cabeça. Só quem já fez algum entende, mas é mais ou menos o mesmo esquema de tatuagem, vicia. E eu vim, por meio desse post, contar um pouco sobre a minha experiência lá, já que o outro foi bem por alto, e mais sobre o programa em si, não o meu. Se você tem curiosidade, vem comigo.
O meu primeiro programa foi o ICO, ou International College Program, no grupo de 2012/2013. Eu estava terminando o terceiro período da minha faculdade de artes aqui no Rio, e conhecia sobre o ICP por uma amiga do meu primo. Não cheguei a pesquisar muito, nem me preparar. Tinha pedido ao meu primo que me avisasse se ele soubesse de quando seria a palestra sobre para a gente ir. No dia antes, que era uma quinta, ele me avisou que sexta seria a palestra, a tarde no centro da cidade. marcamos de nos encontrar e irmos juntos depois que eu saísse das aulas da minha faculdade. Assim fizemos, eu com meu vestido longo de malha e bolsa surrada de todo dia, ele de calça jeans e camiseta, chegamos ao prédio da Estácio do Menezes Cortes e logo notamos que havia muita gente por lá, e que todos estavam de roupa "profissional", vulgo calça e blusa social. Chegamos na entrada da sala e descobrimos sobre a inscrição. A gente não tinha visto nada, indo na inocência mesmo, e então ficamos na lista de espera, sentados do lado de fora aguardando. Acabou que conseguimos entrar e vimos a tal palestra. Já começou que ela nos surpreendeu sendo TODA em inglês. E bem convincente também, mostrando vários vídeos e depoimentos bacanas de gente que já fez o programa. Claro que meu DisneyFreak interior ficou animado. Logo na saída, recebemos tipo uma senha com a data e horário da entrevista, que seria no dia seguinte, um sábado, por volta das 5 da tarde. Corri, arranjei um look escritório para combinar com a vibe que todos pareciam já estar sabendo menos nós, e fomos para a entrevista. Chegando lá, a fizemos em dupla, com recrutadores da STB e também, assim como a palestra, toda em inglês. Levem em conta, para imaginar a situação, que aquela foi a minha primeira entrevista de emprego na vida. Pois é.
Após esse processo, chegou a hora de esperar pelo resultado. Não, ele não sai na mesma hora. São várias cidades do Brasil onde acontecem esse processo seletivo, e só depois de um mês, pelo menos, sairia o resultado. Nessa hora começou também a preparação. Nem com meus pais tinha conversado sobre fazer o programa. Outra coisa era o role que eu tinha escolhido como preferência para fazer lá. A maioria queria Merchandise ou Attractions, mas por fazer faculdade voltada para figurino, tinha escolhido o Costuming, que é um papel mais de backstage, sem nenhum contato com o guest. Na própria entrevista, a recrutadora me questionou sobre isso, pois não era comum essa escolha, levando em conta também que o meu inglês era mais avançado do que o que eles geralmente escolhiam para o role. Expliquei toda a minha situação e ela pareceu entender. Depois desse tempo de agonia, eis que veio o resultado. Nós dois havíamos passado. Uhul! Agora era investir mais um pouco na ideia, pois a segunda fase da seleção seria em Belo Horizonte, onde os recrutadores da Disney iriam fazer o papel que os da STB haviam feito até o momento. Fomos lá, passamos o frio fim de semana lá passando por um processo bem parecido com o primeiro, palestra e entrevista. Mais uma vez minha escolha de role foi colocada em pauta, mas tudo parecia ir bem.
Alguns meses de espera depois, começam a surgir as tão esperadas respostas e Job Offers. Mas com elas, uma má notícia, meu primo havia ficado de stand-by, sem receber uma job offer, mas na lista de espera caso houvessem desistências. Mas a minha havia sido positiva, e para a role que havia dado preferencia, Costuming. Aceitei, e estava eu me preparando para a viagem. De repente, recebo uma ligação da STB. Segundo a moça no outro lado, a Disney havia pedido que mudassem minha role para Merchandise. Na hora, foi um banho de água fria. Estava animada com a possível adição de algo mais próximo a minha área no meu currículo. Mas, se não aceitasse a mudança, não faria o programa, logo, aceitei. Dai começou a compra de passagem, agendamento de visto, aquelas coisas chatas para poder viajar. Ainda era por volta de setembro. Mas foi aí que as coisas explodiram.
Nesse ano de 2012, muitas universidades públicas estavam em greve. E como esse programa acontece nas férias da faculdade, esse era um item mandatório para todos os candidatos: que estivéssemos de férias. Só que, por causa da greve, a maioria das faculdades públicas tiveram seus anos letivos modificados, para suprir os dias que ficariam faltando, o que faria que os alunos tivessem aulas durante o período que seriam as férias, e com isso o programa. O impasse resultou que todos os participantes que fossem de universidades públicas fossem eliminados do programa. Muitos iriam ficar para trás, e muitas vagas foram abertas, mas a quantidade de pessoas em espera não foi suficiente. Meu primo chegou a receber uma job offer, porém, das 4 datas de partida, ofereceram uma que não tinha como ele aceitar devido a provas na faculdade.
Esse momento foi um pouco caótico. Muitos arrasados ou com raiva da situação, mas o que poderia ser feito? Um programa de férias não pode acontecer fora das férias. O que gerou foi um pequeno déficit de participantes, mas acredito que a Disney não tenha sofrido tanto com isso. O pior mesmo foram os corações partidos de vários que queriam muito fazer, mas ficariam para trás.
Chegando lá, descobri que trabalharia no Downtown Disney. Nada da badalação dos parques pra moi. Pelo menos os horários não eram ruins, o que vim a descobrir. Mesmo fechando a loja praticamente sempre, ainda assim o mais tarde que saia era meia noite e quinze. Enquanto alguns amigos do Magic Kingdom, por exemplo, entravam nove da noite e só iam sair altas horas da madruga. A loja que cai, queira minha home location, se chama Wonderful World Of Memories. Mas o quê? Você me pergunta. Pois é. Ela é uma mini loja, que resiste até hoje, no finalzinho do agora Disney Springs, onde você pode comprar e bordar aqueles chapéus de orelha de Mickey, colocar seu nome, alguma data especial, o que você quiser. É o único lugar que faz isso no Disney Springs, e pra te ser sincera, o que faz isso melhor no complexo. Nos outros lugares. geralmente as filas são maiores, e por isso eles tem varias regras do que eles podem ou não escrever, o que pode chatear muitas pessoas. Por exemplo, quando eu terminei o meu último programa, queria bordar a sigla dele, IPG, e o ano, 2015, no meu, mas como estava no Magic Kingdom e a maioria das pessoas com o chapéu de formando igual ao meu eram college program, só podia escrever ICP ou CP 2015. Chato, não? Mas eles fazem isso para agilizar, não porque tenha algo errado com o escrito. Só quando é algo obsceno, ou prejorativo, ou ligado a religião que eles não colocam.
No trabalho, pela loja ser pequena, trabalhava com mais uma ou, no máximo, duas pessoas. E tinha somente uma colega brasileira do mesmo programa que eu. Mas, o legal de trabalhar como merchandise era que, pelo treinamento não ser ligado diretamente à location, eu podia trabalhar em qualquer loja que eu quisesse. Trabalhei uma vez no Animal Kingdom, na loja do Everest, e duas no Magic, uma nas lojas da Liberty Square, e uma na Emporium, que para quem não sabe é a mega loja a esquerda de quem entra na Main Street pela entrada do parque. Trabalhei também na mega loja do então Downtown Disney, World of Disney. Mas nesse caso fui transferida para lá durante uma semana na época do natal. Muitos da área foram recolocados naquela época, o que é normal devido a maior demanda nessa loja.
Em termos de moradia, eu fiquei no condomínio Patterson Court, o único que não possui ponto de ônibus próprio, então eu tinha que andar ate o Chatham Square de manhã para pegá-lo. Lá, morei com outras 5 brasileiras, 4 das quais pedi para morar junto por meio de um email, já que na época não existia o sistema DORMS, que permite que você escolha suas preferências de roomate e condomínio. Das meninas, eramos 5 cariocas e uma mineira, e como em todo apartamento de qualquer condomínio, dividíamos quartos, no meu caso dessa vez com mais uma só. Nosso apartamento era o que eles chama de Under, por sermos menores de 21, o que quer dizer que qualquer tipo de bebida alcóolica era estritamente proibido, podendo levar a demissão geral do apartamento.
Lá, nós íamos muito aos parques nos dias de folga, já que podíamos entrar quando quiséssemos, mas também saímos a noite de vez em quando. Por sermos menores de 21, as opções eram limitadas, e hoje em dia são ainda mais. Na época, alguns lugares, como a House of Blues, deixavam maiores de 18, porém menores de 21, entrarem desde que usando uma identificação de menor e pagando uma taxa de ingresso. Hoje, esses lugares já não deixam mais, não sei porque.
Fora parques da Disney, também era possível ir a Universal, Busch Gardens, entre outros, ou usando de ônibus especiais como era o caso do Busch, ou usando o sistema de Trolley Bus, que passa pelas principais ruas de Orlando. É um pouco de caminhada, mas é super viável. E o do Busch é de graça, complementar ao ingresso, e ele pega e deixa no fim do dia no mercado Publix, que fica alguns minutos a pé do Chatham e do Patterson. E pedindo um atestado de residência no front desk do condomínio, você pode pagar as tarifas de residente da Flórida nos ingressos desses parques.
Em termos de compras, o Florida Mall é um dos principais shoppings da região e possui ônibus do condomínio uma ou duas vezes por semana para lá, e perto dele temos algumas lojas como a Best Buy. Já os queridos outlets tem um bem pertinho do condomínio Commons, em frente mesmo. E pegando aqueles trolleys, nos fundos desse outlet, você pode ir para o outlet irmão, da mesma linha dele, que fica na International Drive. Esse, perto dos condomínios, é o Vineland. Perto do condomínio Vista Way temos também um Wallgreens e um Dollar Tree. Já Walmart tem um ônibus do condomínio todo dia que leva para um dos da cidade. Nos parques e no Disney Springs, assim como na Disney store e no Character Warehouse no outlet, nós cast members temos descontos, pode ir de 20 a 40%, dependendo da época. No ICP, geralmente é o segundo, pois eles dobram o desconto por causa dos feriados de fim de ano, como uma forma de gratificação. Temos desconto também em pacotes de hotéis da Disney, tendo só que fazer a reserva lá, por meio do The Hub, que é o sistema interno que só funcionários tem acesso.
Agora, o maravilhoso desses programas, depois de tudo que falei desse, são as experiências, dentro e fora do trabalho que você vai ter. Quando mudaram minha role, não sabia o quanto eles estavam certos e que o merchan ia me surpreender. Quem pensa que trabalhar em loja é chato, maçante, nunca trabalhou em uma da Disney. Ela sendo a menor que tem, ou uma das maiores, não existe dia igual ao outro, sempre existirão histórias para contar, crianças fofas para você dar um Mickey Sticker. E o que falar das pessoas? Se eu tenho uma dica a dar, é se deixe envolver. Eu sou tímida, então me dei melhor nisso no meu segundo, mas saia, faça amizades, esteja aberto a conhecer quem seja. Não se feche ao grupinho dos brasileiros, ou só da sua work location. Porque elas que farão o seu programa ser inesquecível e fazer você querer voltar. Tudo isso no cenário que é, não tem como dar errado. Super recomendo.
Crédito para todos que estão nas fotos e que compartilhram esse programa comigo!
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